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FACHADA

20 de Junho de 2014

Durante a acção de formação TPE (Técnicas de Procura de Emprego), a formadora referiu a importância do aspecto (físico e cosmético) no sucesso da conquista de um posto de trabalho.

A afirmação pareceu surpreender uma boa parte dos formandos, sobretudo aqueles com um aspecto menos “standard”. Curiosamente (ou talvez não…) os surpreendidos eram todos homens.

É claro que também havia recados para as senhoras, basicamente não abusar no arrojo e exibir o que se chama de “low profile”, mas, aproveitando o facto de haver dois jovens com abundantes (e desordenados)  atributos capilares (um deles com “rastas”), a formadora reforçou a ideia de que o recrutador é que define o padrão de imagem que quer na “sua” empresa. E hoje, tempo de todas as liberdades mas também de todas as dependências, a imagem pretendida na maioria das empresas ainda é bué conservadora. Sobretudo para os homens!

Mas esta coisa da fachada também tem as suas particularidades, e eu sempre tive a suspeita (nunca confirmada) de que o meu aspecto à data teve uma particular importância na conquista do meu primeiro emprego em Portugal.

Nos idos de 1977 eu respondi a um anúncio para um posto de chefia numa fábrica nos arredores de Lisboa. O recrutamento fora entregue a uma empresa profissional, e eu percorri a via sacra dos testes psicotécnicos, entrevistas com A, B e C, até chegar a ser proposto à empresa contratante. Chegado à etapa final, novas entrevistas com o DRH, com o Chefe do Departamento e finalmente com o Director Fabril. Finalmente recebo o telegrama confirmando ter sido o escolhido e sou chamado para tratar da papelada. No final de uma longa e animada conversa, o DRH deixa sair displicentemente a frase assassina: “Ah é verdade. Devido ao acordo da empresa, a sua admissão tem que ser validada em plenário de trabalhadores. Mas não deve haver problema.” Caiu-me tudo! Um RETORNADO a ser avaliado, em 1977, por um Plenário de trabalhadores na Cintura Vermelha de Lisboa???

Como comecei a trabalhar em 07/07/77, suponho que a minha fachada da altura pode ter dado uma ajudinha.

E ainda um outro apontamento curioso. O meu chefe directo era um “reaça” de primeira que começou a pressionar-me para rapar a barba desde o primeiro dia. Perseverou durante meses (anos…), e quando finalmente desistiu, eu cortei a barba. Mas tenho saudades…

Kurioso